quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ontem tivemos um churrasco na Raia Sul, para uma confraternização e entre outras coisas homenagear o FRANK SILVESTRIN pelo 3º lugar no Campeonato Mundial de Duathlon 2009. Entre um vinho, uma carne de ovelha assada, um vazio de gado recheado e muitas histórias de IronMan.... De repente Prof. Wilson Matos lá de Uruguayana, começou a “DECLAMAR” uma poesia gaudéria... Como estavam presentes grandes amigos de equipe, e entre ele nosso colega ALEX VALVERDE o CARIOCA, nome que vêm de sua origem ficava uma cara de mais séria que guri cagado, mais perdido que cusco que caiu do caminhão da mudança, pois segundo Ele o Wilson estava falando outra língua.... Sendo assim agora vou traduzir a poesia “Buchincho “ do saudoso Jayme Guilherme Caetano Braun (Timbaúva, Bossoroca/São Luiz Gonzaga 30 de janeiro de 1924 — Porto Alegre, 8 de julho de 1999) foi um renomado payador (DECLAMADOR) e poeta do Rio Grande do Sul, prestigiado também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia A PARADA FOI A SEGUINTE, VOU BATER PRA TU PRA TU BATER PRA TUA GALERA... O MANÉ TAVA CHEGANDO NUMA PARADINHA MANEIRA E CURTIU O SOM QUE TAVA ROLANDO.. DECIDIU DA UM ROLE NA FESTA.. DEIXOU A MOTINHO PARADA JÁ MEIO DE BOCA PRA RALA PEITO, TA LIGADO, SAI FORA VOANDO... QUANDO ENTRO NA FESTA, JÁ GRUDO UM MINA TAVA DANÇANDO LEGAL, MEXENDO JUNTINHO.. MAS NESTA PARADA UM PIT BOY NÃO GOSTO A CAIU PRA DENTRO, O MALANDRO TINHA ROLO COM A MINA.. É O SEGUINTE, FICO RUIM PRA MALANDRO, FECHO GERAL GALERA NÃO RESPEITAVA MINA NEM BROTHER, PEGAVA GERAL NA PORRADA E NA FACADA.. ENTÃO O MANÉ VEIO NO MATA LEÃO E EU SÓ DEI O LADO E CHAMEI NO RABO DE ARRAIA... O PIT BOY ERA GRANDE MAS DESABOU... COMO TAVA PEGADA RESOLVI VAZAR DA AREA TAVA ME ESPERANDO NA COZINHA, SAI PELA SACADA... GANHEI O MUNDO E VIREI COPACABANA INDO PARA NO LEME.... “E A MINA” VO TE FALA, A MINA NUNCA MAIS CRUZEI.. DEVE TA NO BAILE FUNK OU NO POSTO 9 PEGANDO UM BRONZE...... Acho que agora o Carioca vai entender.......... Poesia BUCHINCHO um bochincho - certa feita, Fui chegando - de curioso, Que o vicio - é que nem sarnoso, nunca pára - nem se ajeita. Baile de gente direita Vi, de pronto, que não era, Na noite de primavera Gaguejava a voz dum tango E eu sou louco por fandango Que nem pinto por quireral. Atei meu zaino - longito, Num galho de guamirim, Desde guri fui assim, Não brinco nem facilito. Em bruxas não acredito 'Pero - que las, las hay', Sou da costa do Uruguai, Meu velho pago querido E por andar desprevenido Há tanto guri sem pai. No rancho de santa-fé, De pau-a-pique barreado, Num trancão de convidado Me entreverei no banzé. Chinaredo à bola-pé, No ambiente fumacento, Um candeeiro, bem no centro, Num lusco-fusco de aurora, Pra quem chegava de fora Pouco enxergava ali dentro! Dei de mão numa tiangaça Que me cruzou no costado E já sai entreverado Entre a poeira e a fumaça, Oigalé china lindaça, Morena de toda a crina, Dessas da venta brasina, Com cheiro de lechiguana Que quando ergue uma pestana Até a noite se ilumina. Misto de diaba e de santa, Com ares de quem é dona E um gosto de temporona Que traz água na garganta. Eu me grudei na percanta O mesmo que um carrapato E o gaiteiro era um mulato Que até dormindo tocava E a gaita choramingava Como namoro de gato! A gaita velha gemia, Ás vezes quase parava, De repente se acordava E num vanerão se perdia E eu - contra a pele macia Daquele corpo moreno, Sentia o mundo pequeno, Bombeando cheio de enlevo Dois olhos - flores de trevo Com respingos de sereno! Mas o que é bom se termina - Cumpriu-se o velho ditado, Eu que dançava, embalado, Nos braços doces da china Escutei - de relancina, Uma espécie de relincho, Era o dono do bochincho, Meio oitavado num canto, Que me olhava - com espanto, Mais sério do que um capincho! E foi ele que se veio, Pois era dele a pinguancha, Bufando e abrindo cancha Como dono de rodeio. Quis me partir pelo meio Num talonaço de adaga Que - se me pega - me estraga, Chegou levantar um cisco, Mas não é a toa - chomisco! Que sou de São Luiz Gonzaga! Meio na volta do braço Consegui tirar o talho E quase que me atrapalho Porque havia pouco espaço, Mas senti o calor do aço E o calor do aço arde, Me levantei - sem alarde, Por causa do desaforo E soltei meu marca touro Num medonho buenas-tarde! Tenho visto coisa feia, Tenho visto judiaria, Mas ainda hoje me arrepia Lembrar aquela peleia, Talvez quem ouça - não creia, Mas vi brotar no pescoço, Do índio do berro grosso Como uma cinta vermelha E desde o beiço até a orelha Ficou relampeando o osso! O índio era um índio touro, Mas até touro se ajoelha, Cortado do beiço a orelha Amontoou-se como um couro E aquilo foi um estouro, Daqueles que dava medo, Espantou-se o chinaredo E amigos - foi uma zoada, Parecia até uma eguada Disparando num varzedo! Não há quem pinte o retrato Dum bochincho - quando estoura, Tinidos de adaga - espora E gritos de desacato. Berros de quarenta e quatro De cada canto da sala E a velha gaita baguala Num vanerão pacholento, Fazendo acompanhamento Do turumbamba de bala! É china que se escabela, Redemoinhando na porta E chiru da guampa torta Que vem direito à janela, Gritando - de toda guela, Num berreiro alucinante, Índio que não se garante, Vendo sangue - se apavora E se manda - campo fora, Levando tudo por diante! Sou crente na divindade, Morro quando Deus quiser, Mas amigos - se eu disser, Até periga a verdade, Naquela barbaridade, De chinaredo fugindo, De grito e bala zunindo, O gaiteiro - alheio a tudo, Tocava um xote clinudo, Já quase meio dormindo! E a coisa ia indo assim, Balanceei a situação, - Já quase sem munição, Todos atirando em mim. Qual ia ser o meu fim, Me dei conta - de repente, Não vou ficar pra semente, Mas gosto de andar no mundo, Me esperavam na do fundo, Saí na Porta da frente... E dali ganhei o mato, Abaixo de tiroteio E inda escutava o floreio Da cordeona do mulato E, pra encurtar o relato, Me bandeei pra o outro lado, Cruzei o Uruguai, a nado, Que o meu zaino era um capincho E a história desse bochincho Faz parte do meu passado! E a china - essa pergunta me é feita A cada vez que declamo É uma coisa que reclamo Porque não acho direita Considero uma desfeita Que compreender não consigo, Eu, no medonho perigo Duma situação brasina Todos perguntam da china E ninguém se importa comigo! E a china - eu nunca mais vi No meu gauderiar andejo, Somente em sonhos a vejo Em bárbaro frenesi. Talvez ande - por aí, No rodeio das alçadas, Ou - talvez - nas madrugadas, Seja uma estrela chirua Dessas - que se banha nua No espelho das aguadas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário